Foi um
sonho estranho.
Uma casa assombrada, fantasmas me circulavam, mas de alguma forma nenhum deles
podia me tocar, eu não sentia medo algum, apenas a agonia de estar ali naquele
lugar sem saber como ali havia chego. Assassinos passeavam pelos seus
corredores e me cumprimentavam, fantasmas atravessavam meu corpo e ficavam
indignados com minha pessoa, máscaras esboçavam rostos vazios em cada pessoa
que encontrava nas curvas. Nada parecia ser real, apesar de sentir o gelo em
minhas mãos, o gosto do vazio eterno e principalmente, a chuva torrencial que
me atingiu quando saí daquela casa.
Em seguida estava em uma versão abstrata
de uma praia que costumava ir sempre para pensar madrugada adentro, mas ela
estava melhor que antes. Agora havia inúmeras pessoas, várias barracas com
variedades de produtos, um grande hotel luxuoso na calçada enfeitava ainda mais
o local, como uma Wonderland onde tudo era possível. O engraçado mesmo era ver
tantos rostos conhecidos se divertindo, muitos já foram meus amigos, outros me
afeiçoei sem que percebessem, na verdade, muitos nem lembravam de mim já que
nunca conversamos, apenas trocamos olhares.
Havia uma garota que me acompanhou por algumas partes desse sonho, ela sabe
quem é, com certeza ela é ainda mais perdida que eu, talvez pela falta de um
guia, e não por escolha como é meu caso. O engraçado foi vê-la cometer os
mesmos erros que comete todos os dias e que tantos já avisaram, incusive ela
usou a mesma frase que sempre trocamos: "é uma boa vida". Talvez
enxergamos essa frase por ângulos diferentes, o sentido cabe a nós e somente a
nós.
Uma orquestra aconteceu, pelo menos naquele sonho eu era um violinista que
estudava em uma escola prestigiada, alguns de meus colegas dos tempos de escola
estavam lá. Um deles conversou bastante comigo, algo que ele também fazia
naquele tempo, mas hoje com palavras que eu entendo. Um detalhe a mais, é que
até no sonho eu tinha noção de que não era bom no que estava fazendo,
desafinava o tempo inteiro e acabava estragando uma música que aprecio por
demais.
Um reflexo dos meus dias naquele sonho era a presença de alguém que acabei me
afastando, o motivo foi o mesmo. Ela é egoísta e superficial de uma forma que
não aprovo, sempre fazendo "o bem" para não se sentir culpada, não
querendo realmente saber se você está bem, desaprovando qualquer decisão sua,
talvez por inveja, talvez por ser entendida na vida. Mas sempre se resumindo a
uma pessoa pequena.
Em algum momento é claro, eu tive de acordar e olhar ao meu redor. O engraçado
foi continuar a sentir muita coisa daquele sonho, por mais estranho que tenha
sido, não está tão longe da realidade. Basta fazer alguns paralelos que você
acaba descobrindo muito sobre a vida e sobre si mesmo, tudo está interligado e
você nunca sonha com algo que não tenha pensado ou vivenciado. Foi mais ou
menos esse caso específico.
Foi um sonho muito estranho, e infelizmente, muito real.