terça-feira, 18 de novembro de 2014

Torrencial





Foi um sonho estranho.
Uma casa assombrada, fantasmas me circulavam, mas de alguma forma nenhum deles podia me tocar, eu não sentia medo algum, apenas a agonia de estar ali naquele lugar sem saber como ali havia chego. Assassinos passeavam pelos seus corredores e me cumprimentavam, fantasmas atravessavam meu corpo e ficavam indignados com minha pessoa, máscaras esboçavam rostos vazios em cada pessoa que encontrava nas curvas. Nada parecia ser real, apesar de sentir o gelo em minhas mãos, o gosto do vazio eterno e principalmente, a chuva torrencial que me atingiu quando saí daquela casa.
 Em seguida estava em uma versão abstrata de uma praia que costumava ir sempre para pensar madrugada adentro, mas ela estava melhor que antes. Agora havia inúmeras pessoas, várias barracas com variedades de produtos, um grande hotel luxuoso na calçada enfeitava ainda mais o local, como uma Wonderland onde tudo era possível. O engraçado mesmo era ver tantos rostos conhecidos se divertindo, muitos já foram meus amigos, outros me afeiçoei sem que percebessem, na verdade, muitos nem lembravam de mim já que nunca conversamos, apenas trocamos olhares.
Havia uma garota que me acompanhou por algumas partes desse sonho, ela sabe quem é, com certeza ela é ainda mais perdida que eu, talvez pela falta de um guia, e não por escolha como é meu caso. O engraçado foi vê-la cometer os mesmos erros que comete todos os dias e que tantos já avisaram, incusive ela usou a mesma frase que sempre trocamos: "é uma boa vida". Talvez enxergamos essa frase por ângulos diferentes, o sentido cabe a nós e somente a nós.
Uma orquestra aconteceu, pelo menos naquele sonho eu era um violinista que estudava em uma escola prestigiada, alguns de meus colegas dos tempos de escola estavam lá. Um deles conversou bastante comigo, algo que ele também fazia naquele tempo, mas hoje com palavras que eu entendo. Um detalhe a mais, é que até no sonho eu tinha noção de que não era bom no que estava fazendo, desafinava o tempo inteiro e acabava estragando uma música que aprecio por demais. 
Um reflexo dos meus dias naquele sonho era a presença de alguém que acabei me afastando, o motivo foi o mesmo. Ela é egoísta e superficial de uma forma que não aprovo, sempre fazendo "o bem" para não se sentir culpada, não querendo realmente saber se você está bem, desaprovando qualquer decisão sua, talvez por inveja, talvez por ser entendida na vida. Mas sempre se resumindo a uma pessoa pequena.
Em algum momento é claro, eu tive de acordar e olhar ao meu redor. O engraçado foi continuar a sentir muita coisa daquele sonho, por mais estranho que tenha sido, não está tão longe da realidade. Basta fazer alguns paralelos que você acaba descobrindo muito sobre a vida e sobre si mesmo, tudo está interligado e você nunca sonha com algo que não tenha pensado ou vivenciado. Foi mais ou menos esse caso específico.
Foi um sonho muito estranho, e infelizmente, muito real.