quarta-feira, 11 de maio de 2016

Preconceito: Ponto de Vista #1






Ontem li um texto interessante sobre o desconforto de gays ao socializarem com héteros. Após terminar e ponderar ambos os cenários (porque eu seria um completo babaca se não soubesse pesar isso), cheguei à conclusão de que isso não é um artigo de luxo de uma única classe. A verdade nua e crua é que TODOS nós somos preconceituosos de uma forma ou de outra.

Torceu o nariz? Irei explicar os motivos antes de me julgar. Para quem não sabe, a palavra preconceito é erroneamente aplicada como se fosse “apenas” desprezo por opção sexual ou racial. Não é assim que funciona, preconceito é o “pré” julgamento, opinião posta sem conhecimento, sem exame crítico, ou intolerância injustificada, sobre qualquer assunto que você não conheça de antemão.

Em suma, todos nós somos preconceituosos em diversos campos de nossas vidas. É comum desprezarmos qualquer coisa que não tenhamos experimentado, visto antes ou nem mesmo pensado, apenas porque é mais fácil ser leigo julgando algo, que ir pesquisar sobre e pensar por si mesmo.
Quando alguém diz “não tenho preconceito, mas” já pode sair de perto, boa pessoa essa não é.  Não seja assim, a sociedade pode aprender muito com alguém que saiba argumentar e persuadir sem parecer um total estranho com palavras bonitas. É disso que precisamos, na verdade. Mais pessoas que conversem e que não ataquem as outras verbalmente, e que saibam como separar opiniões de cada lado antes de formar as suas.

Eu posso dizer abertamente que tenho sim, alguns preconceitos. Alguns já foram superados e se tornaram coisas que não aprecio, outros se tornaram tolerantes, e alguns ainda prefiro manter distância. Um exemplo claro me leva ao mesmo texto que li ontem. Eu particularmente me sinto melhor em meio a amigos heterossexuais por respeitarem totalmente minha condição e por terem a mente mais aberta. Bem diferente de amigos gays, que sentem a necessidade de se provar como tais, com seus trejeitos afeminados, seus distintivos do mundo pop, e suas gírias do momento tiradas de um dicionário feminino. Sou preconceituoso em relação a isso? Sim e não.

ERA preconceito quando julgava apenas pela capa, DEIXOU de ser quando parei de generalizar e percebi que tem a ver com gostos pessoais e comportamentos de cada um. Assim como existem gays da forma que descrevi, também existem aqueles que são discretos e só são pessoas que gostam de pessoas do mesmo sexo, sem precisarem afirmar isso em função dos estereótipos. Então após ponderar arduamente sobre isso, apenas arquivei esse preconceito e passei a respeitar, desde que também me respeitassem.

A questão do texto que já mencionei, falava sobre a forma como os gays se sentiam incomodados por acharem que sofreriam preconceito entre héteros, o que também me remete que héteros costumam pensar que gays são uma espécie infecta, que irão contaminá-los ou que são má influência. Ambos os lados estão certos e errados de formas diferentes. O problema mesmo é seguir a mesma linha de pensamento que eu costumava ter com o preconceito que citei em que TODOS são assim, o que não é verdade. Há casos e casos, como uma faca de dois gumes. Existem sim héteros intolerantes que irão fazer piadas pesadas, assim como existem gays que irão estufar o peito e fazê-los se sentirem inconfortáveis. É assim que funciona a sociedade, enquanto não soubermos separar as coisas para pensar por nós mesmos em nome do respeito e da educação, irá continuar a ser assim. Acredite, levei um bom tempo para perceber isso.

Há muito mais a ser dito sobre preconceito, claro, porém antes de divagar por mais tempo, acho válido ressaltar basicamente esse que li ontem. Garanto a vocês que esse assunto ainda será discutido em posts futuros. Deixo aqui o link para vocês entenderem um pouco mais sobre o que acabo de falar, devo dizer que o autor descreveu bem minha linha de pensamento.

Por que alguns gays sentem-se desconfortáveis em meio a héteros?

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Love is a danger zone





Quando se fala em amor, o primeiro pensamento de muitas pessoas geralmente é uma história épica que vai durar para sempre e a felicidade é infinita, sem nada mais a perder agora que você tem a pessoa certa. Bom, lamento informar, mas os grandes românticos tem a tendência de começar suas histórias pelo ângulo errado. Digo isso porque parando para analisar de maneira mais aberta, nossas histórias nunca terminam no “feliz para sempre”.

Verdade seja dita, os filmes de comédia romântica e grandes obras literárias acabam nos deixando mais deprimidos, de maneira nada saudável.
Posso citar o exemplo geral, onde tentamos encaixar nossa própria vida amorosa dentro desses filmes e no final temos a certeza de que nosso final será igual. Errado. Fomos apenas condicionados a ter uma visão ilusória de que nossos príncipes e princesas já estão artificialmente colocados em algum ponto de nossas vidas, apenas esperando por nós.

Há também o caso dos amores imaginários e unilaterais, que acabam sendo o pior tipo, ainda que o mais comum de acontecer. Quem nunca desenvolveu uma paixonite (ou crush) por alguém legal, descolado, bonito, o ar que você respira? Tudo bem ter vergonha de admitir isso, é tão tóxico, banal, frustrante e superestimado. A linha entre esse tipo de amor e pura carência é bem tênue, algumas vezes você simplesmente está desejando algo que nunca terá. Ou o cara gato da balada que sorriu para você é tudo o que você precisa? De repente você só quer alimentar uma ilusão para justificar a necessidade de não estar sozinho.

Tem também aquele amor tipo fast food. Você conhece a pessoa hoje, pede em namoro amanhã, compra alianças de compromisso uma semana depois, e passa a viver em função de outro/a. E acaba se esquecendo de que sua vida não começou a partir daquele instante. Esse é um pouco pior porque acontece muito ao meu redor, me dá certo tipo de nojo ver tantas demonstrações gratuitas vindo de pessoas que dificilmente superaram histórias mal resolvidas, ou apenas estão carentes demais para perceberam que nasceram sozinhas e morrerão sozinhas.

E então há o tipo de amor que deu certo. Vocês se conheceram, gostaram um do outro, se apaixonaram e estão juntos até hoje. Não foi premeditado, não foi conveniente, não foi necessário, nem mesmo foi eventual. Simplesmente aconteceu. É o mais próximo de algo verdadeiro, sabe? Não há pressão alguma para tentar classificar o que vocês têm, apenas são duas pessoas que gostam da companhia uma da outra, e é mais que suficiente. Com erros e acertos, equilíbrio sempre, tudo acaba se resolvendo. Isso é algo que posso acreditar.

Enfim, amor é uma coisa bem complicada de se debater, há muitos tópicos que nem cheguei a abordar até agora, alguns tão piores quanto os já citados, outros que até me fazem revirar os olhos e suspirar. É difícil você descrever seus pensamentos e observações sobre algo que você já sentiu em tantas variáveis. É uma luta constante entre o nojo das falsas emoções e a vontade de experimentar algo assim mais uma vez. No final não importa muito, existindo no mundo já vai ter algum tipo de esperança para todos. Se souber onde procurar, claro. Esse deve ser meu segundo ou terceiro post sobre esse mesmo assunto, aí mais uma prova onde mudo de opinião com base em experiências. Não é ótimo você saber que nunca terá a mesma opinião a respeito de tudo?



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Vazio Interior




Você nunca teve nenhum tipo de problema visível, muito pelo contrário, as pessoas sempre te veem sorrindo. Você não passa por nenhuma dificuldade, tudo ao seu redor acaba se encaixando sem esforço. Você tem um bilhão de amigos, todos gostam de você. Você é independente, nunca precisou de ninguém.
Mas lá no fundo, bem lá no fundo, você não se sente completo. Muito pelo contrário, há uma sensação que é difícil de descrever, você apenas se sente como se estivesse sempre à beira de um abismo, apenas esperando uma rajada de vento mais forte para derrubá-lo. Não chega a ser classificado como depressão ou ansiedade, é mais algo que classifico como vazio interior. Todo mundo tem um desses em alguma fase, ou momento, ou todos os dias dependendo do caso. Não há bem uma causa para esse tipo de situação, pode acontecer sem aviso prévio e a qualquer instante.
Tudo o que você precisa é parar um pouquinho e olhar bem ao seu redor. Naturalmente vai perceber algo um tanto óbvio, é meio impossível você viver a vida inteira em linha reta, uma hora vai acabar percebendo que não dá para seguir sempre o mesmo caminho. A menos é claro, que você seja o tipo de pessoa incapaz de tentar algo novo, ou tenha medo de mudanças, daí é ainda mais fácil.
Claro que estou começando a divagar, então é melhor voltar para o meu tópico inicial.
Vamos fingir que você é aquele cara que sempre está sorrindo, tem muitos conhecidos, vai a muitas festas, e sempre tem um corpo para usar em seus momentos de necessidade. Pensou? Ok. O vazio interior poderia começar com você caso um dia ninguém o chamasse para sair, caso alguém lhe dissesse “não”, quando recebesse uma notícia triste, ou até mesmo alguns minutos antes de dormir.
Esse vazio interior nada mais é que uma sensação de que falta algo em sua vida, algo que as pessoas tentam preencher de maneiras extremas. Já conheci muitos que simplesmente não conseguiram perceber o que havia de errado, por isso vale qualquer coisa, desde entrar em coma alcoólico até dormir com o máximo de pessoas que puder em uma noite. Tudo isso para preencher seu próprio “vazio interior”. Mas aí me pergunto algo bem simples:
É mesmo necessário?
O que acontece é que temos a tendência de achar que podemos resolver qualquer problema com soluções artificiais, acaba sendo mais simples você ter um prazer temporário a algo duradouro. E o fato de que assim você não precisa raciocinar tanto, temos certa falta de pensadores originais atualmente, mas basta você parar por uma hora ou até mesmo cinco minutos, e pensar no que poderia estar causando isso. E às vezes a solução é bem mais simples do que aparenta.
Não deveria ser tão difícil se deixar levar de vez em quando, ou tomar decisões sem temer as consequências. O comodismo de já ter tudo traçado sem você perceber é um dos piores venenos que existem, então meu amigo querendo ou não, você vai ter que acordar para pensar um pouco. É gratuito e não dói, a menos que ache inteligência algo ofensivo.
Concluindo, basta você ter noção de que há coisas que somente você pode fazer para se sentir melhor. Se estiver carente, pergunte a si mesmo se precisa de alguém para ser feliz. Se sentir vontade de sair, mas não tem companhia, porque não tentar aproveitar sua própria companhia para variar? Se tiver algum problema, tente resolvê-lo, e não lamente sua existência.  Tudo é uma questão de conhecer a si mesmo e como pode se adaptar ao mundo ao seu redor, não é nenhuma missão impossível.
No final, seu vazio interior pode ser algo tão simples que pode ser inexistente, quem sabe apenas esteja com fome ou algo assim. Nesse momento o meu vazio se classifica em contar as horas para o almoço.



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Because I'm Stupid




Eu vi você naquela festa com aquela garota, era para ser o amor da sua vida, mas eu também vi as outras garotas que prometeu o mundo com os olhos. Quantas mentiras contou para corações que partiu mesmo com uma culpa parcialmente falsa? Já senti inveja das fotos que tirou com seus amigos e sua família, mas logo descobri que não sabia o nome de todos e que uma boa foto mascarava problemas sob a mesa. Eu sei que quando você sorri, seus olhos disfarçam uma tristeza que me dá vontade de abraçá-lo até você perder o medo de confiar novamente, talvez até a vontade de machucar o resto do mundo.
Mas também sei que você até pode negar, e no final acaba sendo muito parecido comigo. Você também teve o coração partido incontáveis vezes. Você também já chorou escondido por dias, para depois aparecer com um sorriso nos lábios, ainda que muito machucado por dentro. Você já disse “sim”, com vontade de gritar “não”, já saiu sem vontade, já sentiu o peso do mundo nas costas. Você já sentiu tudo isso e muito mais, só que optou por viver a ilusão da falsa vitória.
A verdade é que eu sei mais sobre você do que pensa. Sei que suas fotos carregadas de filtro, são apenas para mostrar que tem uma vida social ativa. Também sei que sua fama de cara Don Juan disfarça um cara que tem muito medo de tentar se apaixonar de novo. Nem vou falar também da sua personalidade confiante, que nada mais é um colete à prova de balas bem gasto. Seu maior segredo é o mesmo que o meu: a insegurança uma hora acaba achando um meio de entrar. Agora ela achou.
Só que diferente de você, eu não acho isso uma coisa inteiramente ruim. Doeu? Todas as malditas vezes. Ainda dói? Com toda certeza. Eu sofro e mesmo negando algumas vezes, acaba rolando uma lágrima. Só que sei lá, eu não preciso de todas essas afirmações, já passei dessa fase. É bem melhor ser o eterno perdedor que dá um passo de cada vez, cada momento acaba se tornando mais verdadeiro assim. Sem filtros, sem curtidas, sem máscaras. Talvez um dia você possa aprender isso sozinho, e se esse dia chegar, eu ainda estarei aqui. E ainda com a mão estendida para você.
Porque eu sou um idiota.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Agridoce




Talvez eu não seja um druida, ou um arqueiro, ou mago. Nenhuma dessas classes reflete algo que até então, tenho negado para mim mesmo. Talvez no final, eu seja mesmo um bardo. Um contador de histórias, um músico, um escritor. Não da maneira genérica e feliz, mas em um ponto mais profundo e além do que seria aceitável.
Foi um tipo de choque, me deixou com uma sensação eterna de ter pulado do topo de uma montanha, mas ainda não ter chegado ao solo. Uma sensação que ainda não sei bem como descrever, mas de um tom agridoce. Libertador e sufocante ao mesmo tempo.
Sei disso porque parando para pensar, posso dizer que já experimentei um pouco de cada aspecto da vida, mas boa parte de meus relatos também contaram com outras participações. Notei que gosto muito de ouvir histórias de outras pessoas, os sorrisos esboçados, as batidas felizes de seus corações naqueles momentos deliciosos, e até mesmo gosto de imaginar a dor que sentem em cada tragédia. Talvez isso tenha me ajudado bastante a controlar minhas emoções em cada dificuldade ou em cada decisão. Sim, de fato ajudaram bastante.
O problema nisso tudo é que acabei me dando conta que pouco a pouco, deixei de viver as minhas próprias histórias, minhas próprias aventuras, meus próprios amores, minhas próprias conquistas. Mergulhei de cabeça em vidas que nunca foram minhas, e imaginando fatos que nunca iriam acontecer.
E assim pouco a pouco passei a sentir cada vez menos. Fui me tornando uma laranja mecânica, programado para viver o dia a dia, mas entendendo cada vez menos sobre sentimentos e emoções. Afastando-me de um mundo ignorante e vivendo dentro de uma zona de conforto que apenas eu entendo, coletando histórias e vivendo através delas, mas esquecendo de que posso fazer minhas próprias histórias lá fora. Em algum ponto eu me perdi. Parei de sair, parei de tentar conhecer pessoas novas, parei de puxar assunto, parei de fingir. Diria que nesse exato momento, estou esvaziando palavras que até então, nem eu mesmo sabia que poderia descrever como minhas, afinal, uma regra primária para mim é nunca demonstrar fraqueza emocional. Bom, há uma primeira vez para tudo, diria que estou muito emotivo até.
Enquanto digito e ignoro os sons lá fora, penso no que deveria fazer a respeito de tudo isso que já disse. Isso me lembra “New Slang” minha música favorita da banda The Shins, quando perguntaram o significado da mesma, foi dito que ela foi escrita em um momento de “fugir do trabalho, de relacionamentos, de emoções e da vida”. Finalmente entendi o que ele quis dizer, talvez eu precise dar um tempo de tudo e reunir meu essencial, o que me faria bem nesse momento e nos dias que se seguem.
No momento penso apenas em terminar o post, aumentar o volume e fechar os olhos, um novo dia virá amanhã e talvez, respostas com ele. Mas voltando para minha palavra favorita, “talvez” não precise de um novo dia, e sim, sair de casa e olhar mais uma vez para o mundo lá fora com meus próprios olhos. Quem sabe não seja hora de deixar de apenas existir, e voltar a ser alguém que deve lembrar a todos que há um mundo diferente em cada um de nós.
Começando por mim.


“Eu nadei em um oceano de pessoas, conheci cada uma delas e suas histórias. Mas nenhuma delas me conheceu de verdade.”

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Sou Quem Eu Sou





Sabe aqueles dias onde você começa a escutar música, olha para um ponto qualquer e do nada, bem do nada mesmo, um filminho sobre a sua vida passa em sua cabeça? Logo os pensamentos felizes se tornam reflexos de momentos que já não tem importância, questionamentos de dúvidas que você nem sabia que tinha, aparecem para assombrá-lo, e a vida não tem muito sentido. Ou se tem você via apenas pelo ângulo errado.
Há certa licença poética quando as pessoas vivem intensamente, experimentando coisas novas e testando seus limites, quando sentem que perderam seu tempo até então sendo exatamente como rodas em ladeiras. Alguns nunca chegam ao fim e colidem no meio do caminho, outros continuam a descer em alta velocidade, e no final todos fazem a mesma coisa, descendo por um caminho sem variáveis em suas vidas artificiais.
Talvez seja pensando por essa variável que passe tanto tempo imaginando uma vida que realmente nunca foi minha, ou talvez tenha sido em algum universo paralelo. A única certeza é que nos sonhos ela pode vir a acontecer, mas apenas ali, onde não tenho tanto controle como gostaria.
Enfim, o caso é que hoje está sendo um desses dias onde penso demais, o mal do geminiano acaba sendo esse. Vocês companheiros de signo devem saber disso. Nunca vamos estar satisfeitos com um mundo onde tudo se resume a opostos, sabe? Preto e branco, certo e errado, sim e não, tristeza e felicidade, Yin e Yang....Lembro do nome daquela saga ridícula de livros, “Cinquenta Tons de Cinza”, porque demonstra bem um fato óbvio que muitos acabam esquecendo. Há muitas e muitas variáveis para se analisar, eu nunca conseguiria ser o tipo de pessoa que se satisfaz com a primeira opção.
Você, meu caro leitor, deve ter percebido que estou divagando tanto aqui que o primeiro parágrafo dificilmente tem alguma relação com o anterior. Ou com o de agora, dificilmente terá com o próximo também, tudo porque nesse exato momento minha mente está vagando por vários universos. Em cada um tenho milhares de pensamentos. Outras vidas, outras pessoas, outros sentimentos, escolhas erradas que fiz, escolhas que terei de fazer, pessoas que terei de abandonar, pessoas que tenho interesse em conhecer, lágrimas que já chorei, outras que um dia terão de surgir....Inúmeros “eus” pensando ao mesmo tempo.
Acabei me acostumando com os olhares de reprovação, a cada vez que fui chamado de lunático, e a pessoas que me deram as costas pelo meu jeito. Foi até melhor assim, quem nunca soube pensar tão fora da bolha da normalidade, nunca teve realmente muito a ver comigo, nossas conversas eram sempre triviais e os encontros, sem sentido. Acho que para resumir a coisa toda, posso dizer apenas que penso demais e acabo encontrando detalhes sobre mim mesmo e do mundo que acabam me deixando um tanto melancólico, até mais que o normal.
Mas se eu penso demais, então quer dizer que eu acabo agindo de menos? De forma alguma! O único problema é que a dificuldade acaba sendo maior para fazer qualquer coisa, afinal, eu penso em todos os milhares de porquês de fazer ou não alguma coisa.


Obs: Passei os últimos dias ouvindo Charlie Brown Jr., acho que isso tem alguma influência. Nunca havia percebido o quanto o Chorão me entendia em suas letras. Que Odin o tenha.

domingo, 26 de abril de 2015

Eram Todos Humanos




Eles eram todos humanos quando resolveram sair naquela noite chuvosa, novamente para fazer o que sempre faziam quando estavam entediados. Mais uma noite em seu bar favorito, com o mesmo grupo de sempre.
Eles eram todos humanos ali. Aquele que sempre fugia da realidade com suas ervas mágicas, aquela perdida em amores imaginários, ele que sempre tentava evoluir um pouco mais em seus mantras, ela que sempre analisa tudo ao seu redor, e por fim ele, aquele que só consegue sorrir ao montar sua própria história dentro de sua mente.
E eles eram todos humanos quando começaram a beber aquela cerveja gelada e misturá-la com tudo o que tinham em mãos. Doces ou salgados, tudo parecia combinar com aquele momento, em meio a chuva, o bar lotado e a mesa que conseguiram em um canto apertado, quase oculto do resto do local.
E eles eram todos humanos quando começaram a enxergar as coisas por ângulos diferentes. Pouco a pouco, todos cessaram as risadas e frases sem sentido pelo silêncio absoluto. Cabeças baixaram, celulares foram desligados e olhares desfocaram. Alguns logo tiveram lágrimas escorrendo em seus rostos, cada um teve um motivo para estar assim, mas juntos tiveram a tristeza compartilhada.
E eles eram todos humanos ao levantarem e irem até o carro. Apenas um trio foi até lá, mas os três compartilharam tudo o que os afligia naquele momento, e logo observaram um pouco do cenário fora daquele veículo. Ele desabafou ao falar sobre um amor não correspondido, que estava em uma mesa próxima e nem ao menos se lembrava de sua face, ela falou sobre a energia negativa que andava assolando seus últimos dias, e ainda houve ela, que refletia sobre tudo o que deu errado em sua vida durante a semana.
E eles eram todos humanos quando o príncipe celta, que ainda olhava desconfortável para o amor que nunca teria, fez uma analogia sobre aquela situação ao compartilhar o que pensava sobre aquela noite chuvosa. Pareciam ser apenas humanos sem esperança com sonhos perdidos, refugiados da chuva em meio a caixas, mesas e outras pessoas, igualmente perdidas. O cenário parecia ser um beco iluminado por luzes de prédios tão altos que o céu noturno mal era notado, exceto pelas gotas incontáveis de chuva que lavava seus rostos tristes e lacrimejantes.
E no final, eles eram todos humanos ao voltar para casa. Possivelmente seriam todos humanos ao acordar no dia seguinte, lutando pelas suas vidas, mascarando suas frustrações em silêncio e com falsos sorrisos em seus rostos.
E acho que ainda assim, todos nós somos humanos.