sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Let Go





Durante quase um mês passei por uma fase de transição que ainda ocorre o tempo inteiro. É extremamente difícil aceitar certas coisas, e mais difícil ainda manter um sorriso no rosto, um que diga “Não ligue, está tudo bem”. Não são todas as pessoas que passam a vida inteira com um objetivo em foco para segui-lo até o final dos tempos, como já falei e parafraseei diversas vezes vivemos em mudanças constantes, quem você é hoje não poderá ser você amanhã.
Perdi algumas pessoas em pouco tempo, algumas baixas que não me acrescentavam nada, outras que poderiam ter significado tudo, e ainda alguns casos que permanecem junto a mim, porém sinto como se fossem inalcançáveis. Claro que também existem aquelas que são onipresentes e notam quando algo de errado está acontecendo independente da distância, algo que admiro.
Sempre achei que sou a transparência em pessoa, sabe? Quando escuto uma música e canto um trecho da mesma, significa que aquela frase define o momento, sempre que paro de falar e fixo o olhar em um ponto morto, significa que naquele instante queria que fosse tudo diferente e me pego imaginando o que poderia mudar ali, quando puxo o capuz sobre a cabeça quer dizer que quero um tempinho recluso no meu mundo, onde me sinto seguro. Claro que nenhum desses sinais é tão importante para meus amigos onipresentes, uma delas me surpreendeu ao me puxar no canto para conversar e dizer que notou a melancolia apenas pelo meu olhar, assim como outro colocou a mão sobre meu ombro e disse que meu sorriso não era como ele costumava lembrar.
É bem verdade que andei passando por caminhos obscuros ultimamente, onde tive de aprender que ainda não aprendi tudo, que boa parte do que sei não se aplica em tempo integral. Ainda sou aquele garoto que se sente deslocado do mundo pela maneira sonhadora de pensar, o cara que diz que está tudo bem, mas é incapaz de esconder a decepção quando a sente, o Alexis Tyrell que faz muito pelos outros e acaba sofrendo quando não dá certo, e até mesmo o egoísta que a cada relance no reflexo do espelho, sente algo de diferente naquela imagem. Mas aprendi que é possível segurar a vontade de gritar alto, que pouco a pouco fica mais fácil recolher os destroços que se partem dentro de si; é possível sim, manter relações se souber usar bem as palavras; orgulho nunca vai ser maior que a vontade de se fazer o certo; a vida sempre lhe dá lições novas. A mais importante delas para mim no momento é a mais simples delas: você tem de saber quando deixar algo ir, a vida não vai esperar você se recuperar antes de lhe dar outro choque.
Uma coisa que notei é que sempre tive um puto complexo de vítima. A culpa nunca era minha, todos sempre me deixavam na pior, todos sempre foram obrigados a me ouvir reclamar, que sou muito solitário, a vida sempre foi injusta comigo, o carma me pegou para Judas, e blá blá blá. Parei com isso, já entendi que tudo o que acontece tem um propósito maior, e até prefiro acreditar que tudo isso é para me fortalecer, por mais doloroso que seja. Nada é tão difícil que eu não possa superar sozinho ou com a ajuda dos amigos. Só me resta respirar fundo, me levantar e continuar a caminhar pelas ruas escuras que escolhi.
Então, mesmo olhando à distância uma pessoa que queria por perto com lágrimas nos olhos, sempre posso enxugá-las e sorrir, dizendo mais uma vez “Hey, está tudo bem.”

“I feel numb most of the time
The lower I get the higher I'll climb
And I will wonder why
I got dark only to shine”

Marina and the Diamonds - Numb

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