quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Escolhas



Nunca fui uma criança muito normal, isso é fato. Não que eu seja um exemplo de sanidade hoje em dia, acho que pelos meus posts já se tem uma vaga noção disso. O fato é que quando era mais novo, não tinha nada com o que me preocupar, sabia que independente de que escolhas tomasse eu estaria bem, não importa quão louco fossem os meus pensamentos, e olha que minha imaginação era ainda pior do que hoje. Mas enfim, o tópico de hoje é sobre escolhas. Naquela época eu só tinha de escolher se assistiria Alladin ou Toy Story, se jogaria Super Mario World ou Street Fighter, se brincaria na rua ou iria dormir. O mais complicado naquela época era passar de ano, somente isto e nada mais. Mas aí eu tive que crescer.
Na adolescência a coisa ficou um pouco mais complicada. Os hormônios chegaram, os sentimentos passaram a ser confusos, acabei descobrindo que tenho mais problemas do que imaginava...enfim, foi uma fase difícil. Foi quando comecei a tentar me classificar, tentei ser skatista, tentei ser músico, tentei ser emo, tentei ser mauricinho, tentei ser otaku, tentei ser um pouco de tudo, com vergonha no rosto admito que era um poser. Dessa fase ainda guardo alguns tópicos, falarei disso daqui a pouco. O principal aqui foi me mostrar que escolhas sempre fizerem diferença, algumas delas me assombram até hoje.
Agora aos vinte e quatro, depois de passar por um ano bem complicado e cheio de testes, descobri que o peso das escolhas não interfere apenas no rumo das coisas, mas também no modo como você evolui para si mesmo e para o resto do mundo. Durante boa parte da minha vida tentei me adaptar ao mundo sendo o mais invisível possível, depois tentei ser o mais extrovertido que pudesse, inclusive arranjando momentos de popularidade instantânea. No final das contas nada disso me fez feliz, então tive de pensar em que escolhas fiz que me deram momentos felizes.
Eu era feliz quando passava mais tempo sozinho, era quando podia sonhar sem ser criticado. Eu ficava bem perto de poucas pessoas porque sabia que era mais fácil saber em quem confiar. Eventos sociais se provaram feiras de vaidade onde títulos e castas são tudo, e eu estava no meio tentando provar algo que nem sei o que seria. Pessoas machucam, pessoas trazem felicidade, pessoas descartam pessoas, pessoas ajudam pessoas. Eu não preciso estar perto de pessoas o tempo todo, mas sei que em algum ponto precisarei estar perto de pessoas, a solidão pode até me fazer bem, porém é uma faca de dois gumes para qualquer um.
Escolhi ser a pessoa que quero ser.
O cara calmo que tenta ter um bom senso e agir sempre em bons benefícios. O gótico que faz parte da subcultura pelo o que é, e não pelo visual. Aquele que quer desligar dos sentimentos duvidosos, o que quer demonstrar força nas atitudes.  E o mais importante de tudo, o Alexis que quer amar a si próprio antes de todos os outros, amor próprio é muito importante, se você não se valorizar em um mundo artificial, você vai cair e raramente alguém vai ajudá-lo a se levantar.
O impressionante dessa reflexão até agora foi o ponto de partida. Eu estava dirigindo e rua em frente estava interditada, me restou escolhar entre esquerda e direita, um caminho que conhecia e era longo, um desconhecido onde teria de explorar para saber como ir para casa. Acabei optando pelo desconhecido, no final foi ainda mais rápido.
Esse post é quase uma variação do Dilemas, pois escolhas acabam levando a dilemas, você pode se pegar pensando em como tudo poderia ter sido diferente se tiver escolhido a opção B. Ou pior, se arrependido de ter escolhido opção A. Não tenho como dar uma dica de fazer tudo certo, eu mesmo já fiz péssimas escolhas e de vez em quando até faço uma, por mais que não pareça.
O melhor mesmo é levar a vida da maneira como você acha ser certa, mas sem esquecer o principal: faça as escolhas por si mesmo e não porque acha que vai agradar alguém. Nessa vida você tem de ser feliz por si só, e não para agradar a sociedade. Acredite, nem eles sabem o que querem.


OBS: sei que prometi fazer posts mais frequentes, o problema é que o tempo tem sido um tanto cruel, por isso não irei prometer postar sempre. O blog não será esquecido, isso eu garanto.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dilemas



Eu meio que me acostumei a ver minha mãe mexendo no celular 99% do tempo. Sempre que vou conversar com ela seu rosto está escondido no celular, e virou uma rotina. Daí hoje quando fui lá e a vi fazendo a mesmíssima coisa, logo comentei "larga esse celular por uns 5 minutos" e em resposta, ela me disse "ok, mas e você?" e eu vi que também estava mexendo no meu.
Esse é um exemplo light da expressão "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço",  ou no meu jeito de ver as coisas, hipocrisia camuflada. É interessante ressaltar que algumas vezes fazemos essas coisas de maneira involuntária, sabe, você simplesmente está tão acostumado com esse tip ode coisa que nem percebe quando o faz, ou no meu caso, fui perceber depois que parei de rir e já estava sozinho.
Talvez eu esteja sendo deveras crítico ao classificar coisas pequenas assim como hipocrisia, mas sejamos sinceros. Todos somos hipócritas, se não são, serão, se não são hoje em dia, já foram. Tenho a tendência a classificar todos assim, é um vício que tenho desde que me entendo por gente, mas também entendo que faz parte de nós, humanos e sociedade. Quem nunca tentou empurrar algo por baixo dos panos, quem teve vergonha de admitir que fez algo errado e quis sair por cima, quem criticou dogmas e tabus, mas teve uma curiosidade mórbida em quebrar tais?
O caso é que a coisa mais difícil é admitir. Admitir erros, admitir vergonhas, admitir desejos, apenas admitir. Vivemos em uma sociedade onde a visão do correto é depende de X pontos de vista, em algum momento houve a generalização do certo e errado para o convívio social, o que infelizmente agrediu a individualidade.
Ou seja, para ser aceito, deve-se seguir as regras da sociedade em que vive, caso contrário será um pária. Alguém com medo de ser diferente, alguém com medo de ser julgado. Com isso pode acabar se tornando um hipócrita. No passado admito que já fui um de marca maior, e embora cometa pequenos deslizes como o citado no início, cheguei  à conclusão de que é algo humano.
Não existe a perfeição em forma humana, alguém que não minta, que não erre, que saiba o que planos superiores julguem certo ou errado, nem mesmo alguém que tenha todas as regras da vida escritas no criado mudo. No caso, também não cabe a mim julgar a todos por suas atitudes.
Muitas pessoas possuem problemas em se meter em assuntos que não lhes diz respeito, e apesar de ter um longo caminho pela frente, creio que estou tentando me manter afastado disso.
Se não der certo, ao menos eu tentei.

PS: Logo depois que fui para o meu quarto, peguei o celular de novo. Mas apenas para jogar Flappy Bird.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bravura e Bravata



Ultimamente tenho vivido em uma fase que tem me feito bem de uma maneira bem estranha, de certa forma era tudo o que eu precisava. Eu diria que acabei me tornando um tanto frio, apático até, alheio ao mundo, só que é bem mais do que isso. Fiz o que muita gente estressada deveria fazer: parar de se importar com o que não vale a pena.
Não é nenhum segredo que nós vivemos em sociedade e consequentemente, temos vontade de permanecer nela e nos encaixar de qualquer maneira. Acredito que mencionei que meu erro maior ano passado foi ter feito disso minha prioridade máxima e acabei esquecendo quem é Alexis Tyrell lá no íntimo. Claro que precisei de um gatilho enorme, de muita decepção, falsas amizades, traições, sentimentos abalados e surpreendemente, pessoas próximas para me fazer perceber que não precisava procurar por nada, eu já tenho tudo o que preciso comigo mesmo.
Eu já me acostumei com o estigma de ser esse cara que não serve para viver em sociedade o tempo inteiro, isso é fato. Logo quando me mudei para cá, eu passava muito tempo sozinho, sabe. Ia ao cinema sozinho, mal saía de casa, só me encontrava com família e amigos da família, eu era isolado demais. Era aquele cara que anda de cabeça baixa escutando música em volume máximo andando sem rumo por aí. Depois conheci algumas pessoas, fiz amizades e aos poucos saindo da concha....ok, falso, foi aí que entrei na concha de vez.
Demorei muito tempo para perceber que eu estava vivendo uma ilusão enorme. Na minha cabeça eu tinha um milhão de amigos, era popular, tinha sempre alguém para sair, estava tudo perfeito. Só que não foi bem assim, a cada novo encontro, nova pessoa, nova situação...eu me sentia mais e mais sozinho. Me envergonho ao lembrar que fiz muita coisa errada, praticamente mendigando atenção e querendo ser alguma coisa ali. Mas isso acabou.
No final, voltei a ser exatamente como eu era antes, com algumas coisas a mais, é claro. Eu me dei conta de que não preciso caçar um bilhão de amigos, tentar agradar todo mundo, me forçar a participar das coisas, nada disso. Ora, se eu sou como eu sou, aceitem!
Acabei me dando conta de que eu sou assim mesmo...solitário na maior parte do tempo, mas por opção. Eu disse que sou um gótico por natureza e isso se reflete aqui. Eu realmente acabo me divertindo muito mais sozinho algumas vezes, e apesar de sentir falta de ter amigos por perto, não é algo que eu sinta sempre.
Hoje fui ao cinema sozinho, fazia muito tempo que não fazia isso. Foi bom, foi gostoso, aproveitei bem o filme, ri quando necessário, forjei uma boa opinião enquanto assistia...foi um programa muito bom. O bônus foi quando na fila vi um cara que foi meu amigo por pouco tempo, não senti absolutamente nada, apenas sorri e continuei a andar. Ok, talvez eu tenha sentido vontade de dizer "olha para mim, estou ótimo sem você", mas enfim....ainda sou humano.
Acho que tenho meu lado Jenna Hamilton, eu sou perfeitamente capaz de me divertir sem alguém e já aprendi a dançar sozinho.