A cada dia que passa eu tenho mais certeza sobre mim mesmo. Sobre o meu direito de ser quem eu sou, sobre as dúvidas que na verdade, são momentos de fraqueza. Sobre as pessoas que eu deveria amar, sobre as que eu deveria odiar, sobre as que não causam impacto algum em minha vida. No final de tudo, todas as certezas acabaram me levando a este momento, onde sei que o mundo se tornou um lugar feito a partir de tubos de ensaio, um mundo artificial.
Relacionamentos não são mais feitos com amor, e sim, com comodismo. Hoje as pessoas estão junto a outras por medo da solidão, pela facilidade em se juntar à massa, por questões estéticas, por questões de carência, por questões de esquecimento...Afinal, o que é o amor hoje em dia? A resposta mais óbvia seria a famigerada "amor não se explica, apenas se sente". É muito mais fácil, não é? Amor nunca foi algo feito para doer, nunca foi algo que cause frustrações, tampouco algo que o faça deixar de sentir. Amor é querer estar junto independente da condição financeira, das diferenças, da beleza, da carência. Amor é amor.
Sonhos infelizmente também foram esquecidos a muito. A grande massa deixou de perseguir seus sonhos por medo. Medo de rejeição, medo do diferente, medo de sair do lugar comum. Aquele garoto que sempre quis ser um astronauta se tornou o outro, o executivo de mente vazia que trabalha para sustentar uma vida comum. Aquela garota que sonhava em se tornar modelo virou ela, a secretária sem amor próprio isolada do mundo. Hoje as pessoas deixaram de fazer o que gostam em função da sociedade. Sempre foi mais fácil arranjar justificativas baseadas em opiniões alheias, simplesmente ter um emprego que lhe pague, esquecer que um dia sonhou em ser mais do que está sendo agora.
No final tudo me leva a um pensamento óbvio, vocês já devem ter percebido isso. Nós nunca somos 100% completos, 100% satisfeitos. Sempre acaba faltando alguma coisa, algo que infelizmente nunca percebemos até que seja tarde demais. Desperdiçamos vida, desperdiçamos tempo, desperdiçamos momentos, sempre esperando que algo venha, algo que nunca fomos atrás para descobrir o significado real. Nos contentamos com o que temos, mesmo que isso nos faça sermos apenas isso, seres artificiais controlados por cordas invisíveis, as marionetes de nós mesmos.
Cheguei em uma fase onde perdi meu antigo medo, o de acabar no esquecimento
como alguém que não importância. Meu maior medo agora é o de me tornar um ser
artificial. Não da forma como estou descrevendo, mas artificial nos meus
próprios termos. Outro dia eu tive um insight terrível enquanto imagens de
minha vida passavam em flashes rápidos, foi quando percebi que muita coisa
acabou mudando e somente ali eu havia percebido.
Não consigo mais sorrir como antes, meus sorrisos não são mais espontâneos,
eles são calculados. Piadas não tem mais graça, brincadeiras perderam o
sentido, comentários avulsos são apenas palavras perdidas no ar. Qual o sentido
de sorrir e rir com coisas que não possuem mais significado?
Lágrimas? Elas não existem mais. Meus momentos de tristeza não são como antes.
Não choro, não protesto, não sinto lágrimas surgindo, nada disso. Até mesmo o
aperto no coração deixou de doer. Me tornei alguém anestesiado.
Emoções não são tão intensas como antes. Parece que de alguma maneira eu
esqueci como se sente algo da forma apropriada. Absolutamente tudo tem um
propósito e eu preciso reeducar a mim mesmo para agir de acordo com a situação.
No final, meus melhores momentos são aqueles onde estou sozinho pensando,
refletindo, tentando encontrar respostas para mim mesmo. Simplesmente deixei de
ser artificial do modo certo, e sinto que estou me distanciando do mundo. Não
giro no sentido horário como todos, e sim, no anti-horário em um fluxo que
somente eu, Alexis, entendo. Meu medo é chegar um dia onde irei acordar e
simplesmente esquecer como se vive em meio a uma sociedade onde não concordo
com inúmeras ações.
Acabei me tornando o cosmopolita que sempre achei ser, aquele que vive em
qualquer mundo e qualquer situação, desde que seja aquela que criei dentro da
minha cabeça. É mais fácil sorrir em uma utopia onde você sabe que nada está
errado, os únicos monstros são aqueles que seu grupo de aventureiros irá
encontrar além das vilas e reinos.
Minhas certeza continuarão a ser sobre mim mesmo por muito tempo, inclusive esqueci de citar a mais importande delas. Não importa quão errado o mundo seja, quão sem esperança fique com a sociedade, quão odeie ser perturbado quando quero que o tempo pare somente para mim....Este é o mundo em que vivo, terei de continuar a me moldar para ele, sem esquecer que no fundo, no fundo, eu ainda estarei tendo de travar minhas próprias batalhas internas. Um dia, quem sabe, dê tudo certo.
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