Lembro que quando era menor costumava achar que todo mundo que mora na mesma cidade se conhece, então tinha a mania de dizer "oi" para todas as pessoas que olhavam para mim. Isso se perdeu com o tempo claro, a realidade não é tão inocente assim. Mas uma coisa é certa, quem vive na mesma cidade tende a se encontrar de vez em quando, e não é algo tão difícil de acontecer.
Um costume que tenho é o de sentar em algum canto e observar as pessoas ao meu redor, o que fazem, como agem, o que seus rostos mostram, com quem estão acompanhadas, cada detalhe é importante. Porque? Se tornou um hábito. Logo quando cheguei nessa cidade não conhecia ninguém, então assimilei esse lado intuitivo como um hobby pessoal. Certamente foi útil, muitas das pessoas que observei acabaram cruzando meu caminho novamente. Aquele cara que estava na fila do cinema acaba sendo o mesmo que frequenta a mesma faculdade que você, aquela garota que estava chorando na balada pode ser a mesma que ri e despreza os outros com as amigas depois, aquele amigo de um amigo pode frequentar os mesmos lugares que você...As possibilidades são infinitas.
Falo isso porque apesar de algumas vezes querer ficar sozinho e distante do mundo, honrando meu lado introspectivo nos dias de SFC (sonhar, filosofar, criar), no final nunca estou realmente sozinho. Sempre acabo encontrando alguém que conheço, conheci ou que futuramente irei conhecer. Ontem acabou sendo um belo exemplo disso.
Quando saí de casa meu único objetivo era assistir a um filme sozinho e pensar na vida. Acabei encontrando um conhecido meu que também é músico, conversamos um pouco e ele me indicou um ótimo livro para ler teoria musical. Depois disso quando fui jantar encontrei dois amigos meus que não via a algum tempo, consegui rir um pouco e compartilhar um pouquinho das minhas neuras mais atuais. Quando olhei para a mesa adiante vi uma amiga que havia saído na noite anterior, acenei e sorri para ela, já estava deixando de acreditar em coincidências. No cinema vi um casal que estudava comigo na faculdade antiga, meses sem nos ver e ali estávamos trocando palavras rápidas e a promessa de uma saída em turma. Nesse meio tempo vi cerca de 20 pessoas que sempre estiveram ao meu redor, mas não as conheço de verdade, exceto de vista.
Isso prova que parte do meu pensamento ingênuo de antes não era inteiramente falso, em algum ponto você pode chegar a conhecer muitas pessoas, de maneira direta ou indireta, mas vai. Em algum ponto acabei sorrindo enquanto pensava nisso. Achei a situação engraçada, sabe? Um dia sem expectativas se tornou um dia onde tive pequenos momentos agradáveis, e cada um deles serviu para me lembrar que ainda existem coisas boas no mundo fora da minha mente.
Foi a primeira vez que saí sozinho e senti que voltava acompanhado.
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