sexta-feira, 11 de abril de 2014

Crise

Semana passada li um texto curto e rápido, porém muito interessante. Não sei quem é o autor dessa bela obra que me deu muito o que pensar. O título é "Síndrome dos 20 e Poucos Anos", cliquem no link antes de continuarem a ler meu post, irá ajudar a entender melhor meu ponto de vista.


É fato que todo mundo cresce, querendo ou não temos que enfrentar a vida, os sentimentos, as pessoas, tudo fora do mundo perfeito que criamos apenas para nós. Infelizmente eu demorei demais para me dar conta que não poderia ser para sempre o garoto despreocupado na faixa dos 14-18 anos, nem o que tem um milhão de amigos ( se chegar a 50 acho que é muito ), o que não tem objetivos, ou o que acredita em amor eterno. Sim, a vida chegou e eu entrei na crise dos 20 e poucos anos, no meu caso, a crise dos 24 anos.
Já citei aqui várias vezes o quanto estou sempre em mudança, mas sejamos sinceros...Mudanças não acontecem da noite para o dia, é um processo longo e deveras doloroso, algumas vezes é imperativo que você vá sentir nostalgia ou irá agir da mesma maneira que lutou tanto para mudar. Lembro que eu me achava muito egocêntrico por fazer coisas que as pessoas normalmente não fazem ( ok, não sou o único ocarinista, cosplayer, gótico, amante da renascença, etc e etc ), da mesma forma que achava que tinha amigos em qualquer terreno, que poderia ter tudo o que quisesse em um estalar de dedos...Enfim, delírios de adolescente materialista e novamente, despreocupado. Claro que todos os tombos que levei tiveram a ver com essas questões.
O emocional acaba sempre sendo o que vai derrubar você, independente da altura do altar. Acho que minha mudança começou a aparecer quando experimentei a primeira dose de realidade. Namoros um dia terminam, amizades acabam, palavras ferem, dores físicas tiram expressões inesperadas, traições acontecem com sorrisos esboçados, muitos fatores podem e vão pegá-lo de surpresa.
De repente percebi que passei a chorar menos, as decepções passaram a ser apenas parte de um dia ruim.
De repente vi que amizades não são saídas para boates ou bares, ser uma figura decorativa no cenário, ou uma ligação apenas para um momento de necessidade.
De repente vi que amores e paixões são coisas diferentes, não se deve confundir ambos para criar expectativas falsas.
De repente pessoas me cansam, minha própria companhia acaba me relaxando muito mais.
De repente o tempo passou a ser um artigo de luxo, e a cama, uma vitória ao final de cada dia.
De repente pessoas que não teve pouco ou nenhum contato, se revelam companheiros que podem vir a ser seus melhores amigos um dia.
O de repente se torna uma peça essencial aqui. É quando você desperta e para de se preparar para a vida, percebendo que a vida acontece ao seu redor, e a bolha em que viveu durante tanto tempo acaba de estourar. Estou em um momento da vida onde tive de saber do que abrir mão, aprender a aceitar, a me fechar para emoções dolorosas, a sorrir quando estou triste, a desabar apenas quando estou sozinho, a enfrentar a vida com o rosto erguido, e não encolhido em uma concha de mim mesmo.
Eu estaria mentindo se dissesse que é tudo simples e bonito, não é e nunca será. Sempre sou assombrado pelo fantasma do garoto que eu costumava ser, e todos os dias tenho de me olhar no espelho, suspirar e consentir em um movimento rápido com a cabeça. Eu cresci, eu mudei e preciso continuar a evoluir.


Se estou feliz sendo assim? Bem, ainda viajo em meus pensamentos, ainda crio mundos utópicos onde sou feliz demais, ganhei novos colegas e amigos, passei a me dedicar a projetos que antes não podia, passei a ser mais próximo de minha família, passei a fazer muita coisa diferente.
Então minha certeza nesse momento é apenas essa. Minha crise foi superada com sucesso.

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