sábado, 15 de março de 2014

Daydream



Algumas vezes me sinto em uma vida que não é necessariamente minha. Acho que já ressaltei várias vezes aqui, ou ao menos deixei implícito, que gosto de sonhar tanto quanto gosto de viver nessa realidade (dura, cruel, difícil ) em que todos estamos. Às vezes é mais fácil assim, sabe? Você tem problemas de amizade, familiares, acadêmicos, profissionais, o que for...você não vê saída para nada, até parar por um instante e fechar os olhos.
É nesse instante onde você pode criar o que quiser com a sua mente, é onde mundos surgem, conhece novas pessoas, possui uma nova vida, tudo ali faz sentido para você. A infelicidade não é uma opção. A imaginação é algo poderoso e muitas vezes prefiro ficar no meu canto imaginando, sonhando, vivendo...tudo é possível nesse mundo criado unicamente por você. Só que é quando você tem de ter noção das coisas, apesar do mundo dos sonhos ser algo melhor, não se deve viver para sempre em La la Land, a realidade existe e ainda estará lá fora quando abrir os olhos.
A parte difícil aí é porque algumas vezes você estará tão desiludido, tão fora de órbita, tão desistente para com as pessoas ao seu redor que irá querer se refugiar ali. Chegará um ponto onde verá o mundo sob outro ângulo de olhos abertos, onde sorrirá sem motivo ao fixar os olhos em um ponto morto, e naturalmente, onde irá falar para o vento. Isso é mais normal do que pensa, mesmo sem todos esses sintomas em algum momento você irá resmungar para si, olhar para algum canto e refletir, ou apenas andar sem rumo observando as pessoas e pensando no que poderia mudar naquele cenário.
Confesso que faço muito disso diariamente. Não é difícil me pegar calado e olhando para o nada, os fones de ouvido acoplados, distante do grupo, somente ali, uma figura decorativa do cenário. Nesse momento muitas coisas passam pela minha cabeça e várias questões surgem também. O que farei hoje? O que irei escrever? O que ouvirei? O que tocarei? O que assistirei? Geralmente começa assim. Em seguida parto para minha própria La La Land.
Meu mundo é bem diferente desse, algumas vezes é frio como as terras nórdicas, outras é animado como um vilarejo medieval, em outras agitado como uma aventura em uma floresta perigosa. Em todos esses universos tenho as pessoas de meu dia a dia em papéis diferentes, essa é a parte divertida. Consigo imaginar cada um agindo exatamente como sua personalidade manda. Ok, nem sempre é bom, alguns deles são os vilões que tento não enfrentar, afinal, tenho um coração mole quando se trata de pessoas próximas.
Claro que não são só fantasias, mundos encantados e coisas que nunca terei, tenho tempo para esvaziar a mente e pensar em saídas. Sim, contrariando a fuga para La La Land, nós temos que saber que em algum momento teremos de nos levantar e enfrentar nossas dificuldades. Essa semana tive uma aula interessante de Psicologia, onde fiquei sabendo sobre a Terapia de Gestalt, que consiste no ato de desabafar e encontrar o caminho através do contato direto com a realidade pelos olhos do analista, diferente da Psicanálise onde você apenas fala para si e o analista apenas o observa. De fato não poderia concordar mais, é necessário estabelecer os limites entre razão e ilusão, não se pode viver duramente em um mundo desmotivado, tampouco em um mundo introspectivo onde existe apenas você, causando sua alienação para a sociedade lá fora.
Em resumo só quero dizer o seguinte, é legal sonhar, escapar dos problemas e exercitar a criatividade em algo só seu. Mas também é importante se lembrar que a vida não é feita unicamente disso, você ainda tem de manter um círculo social, ter os seus projetos e objetivos, experimentar tudo o que esse mundo tem a oferecer. Algumas vezes você pode se surpreender com o resultado, mas caso não....bem, sempre pode dar uma escapada para dentro de sua mente por um instante ou dois.



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