terça-feira, 18 de novembro de 2014

Torrencial





Foi um sonho estranho.
Uma casa assombrada, fantasmas me circulavam, mas de alguma forma nenhum deles podia me tocar, eu não sentia medo algum, apenas a agonia de estar ali naquele lugar sem saber como ali havia chego. Assassinos passeavam pelos seus corredores e me cumprimentavam, fantasmas atravessavam meu corpo e ficavam indignados com minha pessoa, máscaras esboçavam rostos vazios em cada pessoa que encontrava nas curvas. Nada parecia ser real, apesar de sentir o gelo em minhas mãos, o gosto do vazio eterno e principalmente, a chuva torrencial que me atingiu quando saí daquela casa.
 Em seguida estava em uma versão abstrata de uma praia que costumava ir sempre para pensar madrugada adentro, mas ela estava melhor que antes. Agora havia inúmeras pessoas, várias barracas com variedades de produtos, um grande hotel luxuoso na calçada enfeitava ainda mais o local, como uma Wonderland onde tudo era possível. O engraçado mesmo era ver tantos rostos conhecidos se divertindo, muitos já foram meus amigos, outros me afeiçoei sem que percebessem, na verdade, muitos nem lembravam de mim já que nunca conversamos, apenas trocamos olhares.
Havia uma garota que me acompanhou por algumas partes desse sonho, ela sabe quem é, com certeza ela é ainda mais perdida que eu, talvez pela falta de um guia, e não por escolha como é meu caso. O engraçado foi vê-la cometer os mesmos erros que comete todos os dias e que tantos já avisaram, incusive ela usou a mesma frase que sempre trocamos: "é uma boa vida". Talvez enxergamos essa frase por ângulos diferentes, o sentido cabe a nós e somente a nós.
Uma orquestra aconteceu, pelo menos naquele sonho eu era um violinista que estudava em uma escola prestigiada, alguns de meus colegas dos tempos de escola estavam lá. Um deles conversou bastante comigo, algo que ele também fazia naquele tempo, mas hoje com palavras que eu entendo. Um detalhe a mais, é que até no sonho eu tinha noção de que não era bom no que estava fazendo, desafinava o tempo inteiro e acabava estragando uma música que aprecio por demais. 
Um reflexo dos meus dias naquele sonho era a presença de alguém que acabei me afastando, o motivo foi o mesmo. Ela é egoísta e superficial de uma forma que não aprovo, sempre fazendo "o bem" para não se sentir culpada, não querendo realmente saber se você está bem, desaprovando qualquer decisão sua, talvez por inveja, talvez por ser entendida na vida. Mas sempre se resumindo a uma pessoa pequena.
Em algum momento é claro, eu tive de acordar e olhar ao meu redor. O engraçado foi continuar a sentir muita coisa daquele sonho, por mais estranho que tenha sido, não está tão longe da realidade. Basta fazer alguns paralelos que você acaba descobrindo muito sobre a vida e sobre si mesmo, tudo está interligado e você nunca sonha com algo que não tenha pensado ou vivenciado. Foi mais ou menos esse caso específico.
Foi um sonho muito estranho, e infelizmente, muito real.


sábado, 27 de setembro de 2014

Oceanborn




Quando era mais novo, por volta dos meus 13 ou 14 anos, li o primeiro volume do mangá da Avril Lavigne ( para quem não sabe, sim, existiu ) e descobri ser deveras interessante. Primeiro que a história era bem mórbida para a época e a melancolia nos fazia refletir bastante. O primeiro volume continha uma passagem que reflete bastante o meu dia a dia.
A protagonista usava redes sociais e se correspondia com várias pessoas que faziam parte de seu dia a dia, para cada pessoa ela utilizava uma aliase diferente, de modo que nenhuma das pessoas a conhecia de verdade. Dessa forma acabou descobrindo muitos segredos sem se expôr, e nisso soltou uma citação parecida linda que não me recordo no momento, era uma analogia com pessoas e oceanos.
Já parafraseei aqui que pessoas são como oceanos, você pode se misturar com elas e fazer parte de seus cardumes, ou pode ser um peixe solitário, nadando nesse oceano sem realmente se comprometer. Creio que faço parte de um grupo seleto com um dom parecido com o da protagonista. Claro que não sou um fã que se refugia em uma cantora e possui complexos de identidade, mas sei como nadar nesses oceanos.
Me peguei pensando o quanto sei muito sobre as pessoas da minha vida, mas poucas realmente sabem algo sobre mim. Sei de muitos segredos obscuros que mantenho guardados comigo, sei de vários fetiches, sei de fatos que não contariam abertamente em uma roda, sei de pessoas que nunca chorariam, mas que acabei recolhendo suas lágrimas, no final, acho que sei demais.
É um tipo de poder que deve ser usado com sabedoria, com a semiótica aí para cada um decidir o que deve fazer com isso. No final, acabo pensando apenas no modo como isso acaba me afastando um pouco mais do mundo e destacando o meu jeito diferenciado, niilista de ser. Acaba sendo no mínimo desconfortável passear pelas ruas e ver tantos rostos conhecidos, sabendo que conhece cada um tão bem quanto os próprios, e no final, muitos deles não lembram nem mesmo do seu nome ou de seu rosto. Você foi apenas um momento, alguém útil em um momento necessário, alguém que se importou demais.
O anonimato dessas ações me concede ângulos únicos, alguns que acabo vir a apreciar. O problema é a dificuldade em balancear tais ângulos com o que sinto ao caminhar pelas ruas. Algumas vezes acabo não sentindo absolutamente nada, outras vezes sinto reflexos. Amor se torna ódio, raiva se torna um sorriso, decepção se torna pena, vida se torna morte, morte se torna vida. Isso tudo por nadar entre os oceanos de pessoas.
Há um lado bom nisso tudo apesar de tudo, chega um ponto onde você aprende a ler bem as pessoas e saber de suas palavras antes mesmo que as mesmas falem. É uma vacina interessante para qualquer situação, menos a do vazio que você sente sempre que volta para casa.



terça-feira, 29 de julho de 2014

O Futuro de Hoje



A sensação é indescritível. É tudo o que posso dizer para começar de verdade, a sintetizar o que sinto, a explicar o que penso, a sorrir enquanto falo. Lembro bem que sou o tipo de pessoa extremamente niilista onde acho que o melhor mundo acaba sendo aquele, o que existe somente dentro de minha mente. Mas ultimamente as coisas tem sido tão interessantes que me dei conta de que algo mudou. Algo dentro de mim mudou.
De repente as coisas passaram a fazer sentido de uma forma que anteriormente não faziam, aquele Alexis tão frustrado com o mundo passou ser mais independente dele, para começar. Acho que finalmente cheguei naquela fase da vida onde os outroas ângulos passaram a ser mais claros. Descobri que não é tão complicado assim se desapegar do que o atrasa, a saber dizer "não" quando precisa, entre muitas outras coisas. Mas principalmente, aprendi que boa parte da minha neura anterior com as pessoas não tinha realmente algo que me cegasse, estava tudo ali na minha frente e eu apenas não aceitava sair da minha zona de conforto. Orgulho, um vício maldito.
Quem acompanha meu blog a algum tempo sabe que meu dom natural com as palavras não é por prática, e sim, pela observação. Sempre falei que era diferente de muitas pessoas por não me misturar tanto ao ciclo social, as atitudes nunca eram semelhantes, o modo tão diferenciado em que elas faziam suas ações diárias nunca me agradaram, e daí veio um grande erro que me perseguiu por muito tempo. A incapacidade de fazer algo além de reclamar.
É tudo tão melhor quando um dia você acorda e percebe que aquele você de ontem em nada tem a ver com o hoje, que tudo o que acha importante deixou de ser imperativo. De repente foi tudo coisa da sua cabeça, as pessoas hipócritas que tanto julgava continuam ali, mas bem afastadas de você. Os lugares que lhe davam asco? Se tornaram divertidos quando passou a se misturar sem se afetar. As atitudes que tanto adiou por medo de falhar? Você ainda pode falhar, mas o faça já se levantando para tentar de novo. A palavra do dia é essa: MUDANÇA.
Chega um momento onde inevitavelmente você acaba mudando sem perceber, isso é um fato que muitas pessoas ainda possuem um tabu interno em admitir. Faz tudo parte da evolução interior, você não pode passar a vida inteira em um lugar comum satisfeito com o que você tem ( ou não tem ). Há muito mais a ser explorado, e eu estou adorando isso.
Confesso que é muito legal manter minhas raízes intensas melancólicas, mas também saber me amar, deixar as coisas seguirem seu fluxo, selecionar as pessoas certas para me acompanharem, além do aprendizado que a vida vai deixando todos os dias.
Para isso vale até ser um pouquinho clichê, é realmente verdade que você colhe exatamente o que planta, estou colhendo bons frutos. Se bem que não irei plantar uma foto do Chris Hemsworth esperando um Thor, a vida é divertida, mas milagres assim estão um pouco além do meu alcance( pelo menos por enquanto ).



quarta-feira, 4 de junho de 2014

Artificial




A cada dia que passa eu tenho mais certeza sobre mim mesmo. Sobre o meu direito de ser quem eu sou, sobre as dúvidas que na verdade, são momentos de fraqueza. Sobre as pessoas que eu deveria amar, sobre as que eu deveria odiar, sobre as que não causam impacto algum em minha vida. No final de tudo, todas as certezas acabaram me levando a este momento, onde sei que o mundo se tornou um lugar feito a partir de tubos de ensaio, um mundo artificial.
Relacionamentos não são mais feitos com amor, e sim, com comodismo. Hoje as pessoas estão junto a outras por medo da solidão, pela facilidade em se juntar à massa, por questões estéticas, por questões de carência, por questões de esquecimento...Afinal, o que é o amor hoje em dia? A resposta mais óbvia seria a famigerada "amor não se explica, apenas se sente". É muito mais fácil, não é? Amor nunca foi algo feito para doer, nunca foi algo que cause frustrações, tampouco algo que o faça deixar de sentir. Amor é querer estar junto independente da condição financeira, das diferenças, da beleza, da carência. Amor é amor.
Sonhos infelizmente também foram esquecidos a muito. A grande massa deixou de perseguir seus sonhos por medo. Medo de rejeição, medo do diferente, medo de sair do lugar comum. Aquele garoto que sempre quis ser um astronauta se tornou o outro, o executivo de mente vazia que trabalha para sustentar uma vida comum. Aquela garota que sonhava em se tornar modelo virou ela, a secretária sem amor próprio isolada do mundo. Hoje as pessoas deixaram de fazer o que gostam em função da sociedade. Sempre foi mais fácil arranjar justificativas baseadas em opiniões alheias, simplesmente ter um emprego que lhe pague, esquecer que um dia sonhou em ser mais do que está sendo agora.
No final tudo me leva a um pensamento óbvio, vocês já devem ter percebido isso. Nós nunca somos 100% completos, 100% satisfeitos. Sempre acaba faltando alguma coisa, algo que infelizmente nunca percebemos até que seja tarde demais. Desperdiçamos vida, desperdiçamos tempo, desperdiçamos momentos, sempre esperando que algo venha, algo que nunca fomos atrás para descobrir o significado real. Nos contentamos com o que temos, mesmo que isso nos faça sermos apenas isso, seres artificiais controlados por cordas invisíveis, as marionetes de nós mesmos.


Cheguei em uma fase onde perdi meu antigo medo, o de acabar no esquecimento como alguém que não importância. Meu maior medo agora é o de me tornar um ser artificial. Não da forma como estou descrevendo, mas artificial nos meus próprios termos. Outro dia eu tive um insight terrível enquanto imagens de minha vida passavam em flashes rápidos, foi quando percebi que muita coisa acabou mudando e somente ali eu havia percebido.
Não consigo mais sorrir como antes, meus sorrisos não são mais espontâneos, eles são calculados. Piadas não tem mais graça, brincadeiras perderam o sentido, comentários avulsos são apenas palavras perdidas no ar. Qual o sentido de sorrir e rir com coisas que não possuem mais significado?
Lágrimas? Elas não existem mais. Meus momentos de tristeza não são como antes. Não choro, não protesto, não sinto lágrimas surgindo, nada disso. Até mesmo o aperto no coração deixou de doer. Me tornei alguém anestesiado.
Emoções não são tão intensas como antes. Parece que de alguma maneira eu esqueci como se sente algo da forma apropriada. Absolutamente tudo tem um propósito e eu preciso reeducar a mim mesmo para agir de acordo com a situação.
No final, meus melhores momentos são aqueles onde estou sozinho pensando, refletindo, tentando encontrar respostas para mim mesmo. Simplesmente deixei de ser artificial do modo certo, e sinto que estou me distanciando do mundo. Não giro no sentido horário como todos, e sim, no anti-horário em um fluxo que somente eu, Alexis, entendo. Meu medo é chegar um dia onde irei acordar e simplesmente esquecer como se vive em meio a uma sociedade onde não concordo com inúmeras ações.
Acabei me tornando o cosmopolita que sempre achei ser, aquele que vive em qualquer mundo e qualquer situação, desde que seja aquela que criei dentro da minha cabeça. É mais fácil sorrir em uma utopia onde você sabe que nada está errado, os únicos monstros são aqueles que seu grupo de aventureiros irá encontrar além das vilas e reinos. 
Minhas certeza continuarão a ser sobre mim mesmo por muito tempo, inclusive esqueci de citar a mais importande delas. Não importa quão errado o mundo seja, quão sem esperança fique com a sociedade, quão odeie ser perturbado quando quero que o tempo pare somente para mim....Este é o mundo em que vivo, terei de continuar a me moldar para ele, sem esquecer que no fundo, no fundo, eu ainda estarei tendo de travar minhas próprias batalhas internas. Um dia, quem sabe, dê tudo certo.


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Encontros e Desencontros




Lembro que quando era menor costumava achar que todo mundo que mora na mesma cidade se conhece, então tinha a mania de dizer "oi" para todas as pessoas que olhavam para mim. Isso se perdeu com o tempo claro, a realidade não é tão inocente assim. Mas uma coisa é certa, quem vive na mesma cidade tende a se encontrar de vez em quando, e não é algo tão difícil de acontecer.
Um costume que tenho é o de sentar em algum canto e observar as pessoas ao meu redor, o que fazem, como agem, o que seus rostos mostram, com quem estão acompanhadas, cada detalhe é importante. Porque? Se tornou um hábito. Logo quando cheguei nessa cidade não conhecia ninguém, então assimilei esse lado intuitivo como um hobby pessoal. Certamente foi útil, muitas das pessoas que observei acabaram cruzando meu caminho novamente. Aquele cara que estava na fila do cinema acaba sendo o mesmo que frequenta a mesma faculdade que você, aquela garota que estava chorando na balada pode ser a mesma que ri e despreza os outros com as amigas depois, aquele amigo de um amigo pode frequentar os mesmos lugares que você...As possibilidades são infinitas.
Falo isso porque apesar de algumas vezes querer ficar sozinho e distante do mundo, honrando meu lado introspectivo nos dias de SFC (sonhar, filosofar, criar), no final nunca estou realmente sozinho. Sempre acabo encontrando alguém que conheço, conheci ou que futuramente irei conhecer. Ontem acabou sendo um belo exemplo disso.
Quando saí de casa meu único objetivo era assistir a um filme sozinho e pensar na vida. Acabei encontrando um conhecido meu que também é músico, conversamos um pouco e ele me indicou um ótimo livro para ler teoria musical. Depois disso quando fui jantar encontrei dois amigos meus que não via a algum tempo, consegui rir um pouco e compartilhar um pouquinho das minhas neuras mais atuais. Quando olhei para a mesa adiante vi uma amiga que havia saído na noite anterior, acenei e sorri para ela, já estava deixando de acreditar em coincidências. No cinema vi um casal que estudava comigo na faculdade antiga, meses sem nos ver e ali estávamos trocando palavras rápidas e a promessa de uma saída em turma. Nesse meio tempo vi cerca de 20 pessoas que sempre estiveram ao meu redor, mas não as conheço de verdade, exceto de vista.
Isso prova que parte do meu pensamento ingênuo de antes não era inteiramente falso, em algum ponto você pode chegar a conhecer muitas pessoas, de maneira direta ou indireta, mas vai. Em algum ponto acabei sorrindo enquanto pensava nisso. Achei a situação engraçada, sabe? Um dia sem expectativas se tornou um dia onde tive pequenos momentos agradáveis, e cada um deles serviu para me lembrar que ainda existem coisas boas no mundo fora da minha mente.
Foi a primeira vez que saí sozinho e senti que voltava acompanhado.


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Crise

Semana passada li um texto curto e rápido, porém muito interessante. Não sei quem é o autor dessa bela obra que me deu muito o que pensar. O título é "Síndrome dos 20 e Poucos Anos", cliquem no link antes de continuarem a ler meu post, irá ajudar a entender melhor meu ponto de vista.


É fato que todo mundo cresce, querendo ou não temos que enfrentar a vida, os sentimentos, as pessoas, tudo fora do mundo perfeito que criamos apenas para nós. Infelizmente eu demorei demais para me dar conta que não poderia ser para sempre o garoto despreocupado na faixa dos 14-18 anos, nem o que tem um milhão de amigos ( se chegar a 50 acho que é muito ), o que não tem objetivos, ou o que acredita em amor eterno. Sim, a vida chegou e eu entrei na crise dos 20 e poucos anos, no meu caso, a crise dos 24 anos.
Já citei aqui várias vezes o quanto estou sempre em mudança, mas sejamos sinceros...Mudanças não acontecem da noite para o dia, é um processo longo e deveras doloroso, algumas vezes é imperativo que você vá sentir nostalgia ou irá agir da mesma maneira que lutou tanto para mudar. Lembro que eu me achava muito egocêntrico por fazer coisas que as pessoas normalmente não fazem ( ok, não sou o único ocarinista, cosplayer, gótico, amante da renascença, etc e etc ), da mesma forma que achava que tinha amigos em qualquer terreno, que poderia ter tudo o que quisesse em um estalar de dedos...Enfim, delírios de adolescente materialista e novamente, despreocupado. Claro que todos os tombos que levei tiveram a ver com essas questões.
O emocional acaba sempre sendo o que vai derrubar você, independente da altura do altar. Acho que minha mudança começou a aparecer quando experimentei a primeira dose de realidade. Namoros um dia terminam, amizades acabam, palavras ferem, dores físicas tiram expressões inesperadas, traições acontecem com sorrisos esboçados, muitos fatores podem e vão pegá-lo de surpresa.
De repente percebi que passei a chorar menos, as decepções passaram a ser apenas parte de um dia ruim.
De repente vi que amizades não são saídas para boates ou bares, ser uma figura decorativa no cenário, ou uma ligação apenas para um momento de necessidade.
De repente vi que amores e paixões são coisas diferentes, não se deve confundir ambos para criar expectativas falsas.
De repente pessoas me cansam, minha própria companhia acaba me relaxando muito mais.
De repente o tempo passou a ser um artigo de luxo, e a cama, uma vitória ao final de cada dia.
De repente pessoas que não teve pouco ou nenhum contato, se revelam companheiros que podem vir a ser seus melhores amigos um dia.
O de repente se torna uma peça essencial aqui. É quando você desperta e para de se preparar para a vida, percebendo que a vida acontece ao seu redor, e a bolha em que viveu durante tanto tempo acaba de estourar. Estou em um momento da vida onde tive de saber do que abrir mão, aprender a aceitar, a me fechar para emoções dolorosas, a sorrir quando estou triste, a desabar apenas quando estou sozinho, a enfrentar a vida com o rosto erguido, e não encolhido em uma concha de mim mesmo.
Eu estaria mentindo se dissesse que é tudo simples e bonito, não é e nunca será. Sempre sou assombrado pelo fantasma do garoto que eu costumava ser, e todos os dias tenho de me olhar no espelho, suspirar e consentir em um movimento rápido com a cabeça. Eu cresci, eu mudei e preciso continuar a evoluir.


Se estou feliz sendo assim? Bem, ainda viajo em meus pensamentos, ainda crio mundos utópicos onde sou feliz demais, ganhei novos colegas e amigos, passei a me dedicar a projetos que antes não podia, passei a ser mais próximo de minha família, passei a fazer muita coisa diferente.
Então minha certeza nesse momento é apenas essa. Minha crise foi superada com sucesso.

quarta-feira, 26 de março de 2014

The Jealousy Monster




Alguns dias percebo que continuo com dúvidas que até pouco tempo achava ter resolvido, é inevitável e já percebi isso. Apesar de ter a certeza de que a cada dia que passa eu mudo um pouquinho mais, ainda compartilho de muitos fantasmas que achava já ter exterminado de minha mente. Percebi esse fato quando meu carro se tornou um tipo de consultório móvel, sabe? Todos as pessoas que pegam carona comigo acabam desabafando  em algum ponto. Compartilham de seus dramas, seus medos, seus pontos de vista, seus pensamentos que não jogariam em uma feira de vaidades....Enfim, virou um tipo de porto seguro.
E foi em um desses momentos em que ouvi um amigo meu que acabei me dando conta do óbvio: eu não sou tão seguro de mim quanto deixo transparecer. Daí voltei para o meu pequeno ritual de sempre.
Coloquei os fones de ouvido, puxei o notebook para a poltrona na sala escura e coloquei uma música para me iluminar um pouco ( The Colourist - Little Games ), e comecei a refletir.
Talvez tenha sido pela letra da música entrando involuntariamente em meus pensamentos, mas me dei conta de que tinha tudo a ver com uma situação recente, que me alcançava de todos os jeitos. Foi até engraçado, acho que meu subconsciente já tinha noção de que eu precisava falar sobre esse assunto. Qual assunto? Ciúmes.
Admito que faço a linha de ciumento passivo-agressivo, o que por si só já não é muito bom porque acabou caindo em contradição. Passei a me orgulhar de ser o cara que joga tudo na cara independente do tópico, daí por conta dos ciúmes virei o cara que fala por enigmas, que mostra frieza ou até mesmo que ignora e espera uma possível catarse ( obrigado Joanna, passei a usar bastante essa palavra, rsrs ).
O problema aí é que meu ciúme se manifesta apenas em pessoas que pouco ou nada tem comigo, o que me deixa em uma posição bastante desconfortável. Como você pode ter ciúmes de uma pessoa que mal conhece? Tampouco ela a você? Ou de uma pessoa que você "está afim", mas ela não tem consciência disso? Ou de alguém que nem mesmo mora na mesma cidade que você? São todos casos inalcançáveis. Como lidar com esse tipo de coisa?




Daí lembro da letra de "Little Games" e me dou conta de que já presenciei o outro lado da moeda. Eu já fui o tipo de cara que tinha um prazer insano em pisotear pessoas que sentiam ciúmes de minha pessoa. Confesso, já cometi este crime do Clube dos Corações Partidos. Eu gostava de me sentir desejado e de ter o poder da escolha, descartar facilmente como uma mão terrível no pôquer, comprar outro do monte. Mas aí eu acabei crescendo um pouco e vi o quanto isso é ruim. Jogos amorosos são uma droga que infelizmente, vicia.
O que tirei disso tudo após pensar bastante? Que apesar de tudo, eu ainda sou humano. Eu erro mais que acerto, tenho pequenas vitórias, conheço pessoas novas, passo a conhecer outras cada vez menos, mas isso não importa. O que importa é estar em paz primeiro comigo mesmo antes de sair explorando o mundo estranho do convívio social. Não devo criar problemas inexistentes na minha cabeça, porque sentir ciúmes de pessoas que nem mesmo estão romanticamente envolvidas comigo? Ou de amigos que hoje não são tão amigos? Desnecessário define, e eu não preciso disso. Ninguém precisa. Qual o sentido de preencher sentimentos por pessoas que não lhe acrescentam nada, apenas o deixam para baixo?
Descarregar esse peso de certa forma me causa uma sensação boa, não estou mais vivendo por pessoas e sim, por mim mesmo. Estou entrando em uma nova fase da minha vida, um pequeno passo para a liberdade, um mínimo para a independência, mas tudo isso faz parte de algo maior. Tenho projetos para tocar para a frente, crises existenciais sempre irão existir, sofrer pelo inexistente é opcional.
Resumo da ópera depois desse monólogo. Já citei antes aqui no blog e irei citar novamente, eu sou um cara solitário e me sinto melhor sozinho, está certo. Posso vir a gostar de pessoas e entrar enssa zona perigosa mais uma vez, também confere. Mas porque me precipitar? Isso não está certo. Eu gosto de ser esse Alexis contido, desligado de sentimentos, um tanto louco pelas idéias, longe do mundo real, alheio a muito do trivial. Irei continuar assim por um bom tempo....Sozinho ou acompanhado, nunca posso me esquecer do principal.
Sempre irei amar a mim mesmo antes de tudo...



sábado, 15 de março de 2014

Daydream



Algumas vezes me sinto em uma vida que não é necessariamente minha. Acho que já ressaltei várias vezes aqui, ou ao menos deixei implícito, que gosto de sonhar tanto quanto gosto de viver nessa realidade (dura, cruel, difícil ) em que todos estamos. Às vezes é mais fácil assim, sabe? Você tem problemas de amizade, familiares, acadêmicos, profissionais, o que for...você não vê saída para nada, até parar por um instante e fechar os olhos.
É nesse instante onde você pode criar o que quiser com a sua mente, é onde mundos surgem, conhece novas pessoas, possui uma nova vida, tudo ali faz sentido para você. A infelicidade não é uma opção. A imaginação é algo poderoso e muitas vezes prefiro ficar no meu canto imaginando, sonhando, vivendo...tudo é possível nesse mundo criado unicamente por você. Só que é quando você tem de ter noção das coisas, apesar do mundo dos sonhos ser algo melhor, não se deve viver para sempre em La la Land, a realidade existe e ainda estará lá fora quando abrir os olhos.
A parte difícil aí é porque algumas vezes você estará tão desiludido, tão fora de órbita, tão desistente para com as pessoas ao seu redor que irá querer se refugiar ali. Chegará um ponto onde verá o mundo sob outro ângulo de olhos abertos, onde sorrirá sem motivo ao fixar os olhos em um ponto morto, e naturalmente, onde irá falar para o vento. Isso é mais normal do que pensa, mesmo sem todos esses sintomas em algum momento você irá resmungar para si, olhar para algum canto e refletir, ou apenas andar sem rumo observando as pessoas e pensando no que poderia mudar naquele cenário.
Confesso que faço muito disso diariamente. Não é difícil me pegar calado e olhando para o nada, os fones de ouvido acoplados, distante do grupo, somente ali, uma figura decorativa do cenário. Nesse momento muitas coisas passam pela minha cabeça e várias questões surgem também. O que farei hoje? O que irei escrever? O que ouvirei? O que tocarei? O que assistirei? Geralmente começa assim. Em seguida parto para minha própria La La Land.
Meu mundo é bem diferente desse, algumas vezes é frio como as terras nórdicas, outras é animado como um vilarejo medieval, em outras agitado como uma aventura em uma floresta perigosa. Em todos esses universos tenho as pessoas de meu dia a dia em papéis diferentes, essa é a parte divertida. Consigo imaginar cada um agindo exatamente como sua personalidade manda. Ok, nem sempre é bom, alguns deles são os vilões que tento não enfrentar, afinal, tenho um coração mole quando se trata de pessoas próximas.
Claro que não são só fantasias, mundos encantados e coisas que nunca terei, tenho tempo para esvaziar a mente e pensar em saídas. Sim, contrariando a fuga para La La Land, nós temos que saber que em algum momento teremos de nos levantar e enfrentar nossas dificuldades. Essa semana tive uma aula interessante de Psicologia, onde fiquei sabendo sobre a Terapia de Gestalt, que consiste no ato de desabafar e encontrar o caminho através do contato direto com a realidade pelos olhos do analista, diferente da Psicanálise onde você apenas fala para si e o analista apenas o observa. De fato não poderia concordar mais, é necessário estabelecer os limites entre razão e ilusão, não se pode viver duramente em um mundo desmotivado, tampouco em um mundo introspectivo onde existe apenas você, causando sua alienação para a sociedade lá fora.
Em resumo só quero dizer o seguinte, é legal sonhar, escapar dos problemas e exercitar a criatividade em algo só seu. Mas também é importante se lembrar que a vida não é feita unicamente disso, você ainda tem de manter um círculo social, ter os seus projetos e objetivos, experimentar tudo o que esse mundo tem a oferecer. Algumas vezes você pode se surpreender com o resultado, mas caso não....bem, sempre pode dar uma escapada para dentro de sua mente por um instante ou dois.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Escolhas



Nunca fui uma criança muito normal, isso é fato. Não que eu seja um exemplo de sanidade hoje em dia, acho que pelos meus posts já se tem uma vaga noção disso. O fato é que quando era mais novo, não tinha nada com o que me preocupar, sabia que independente de que escolhas tomasse eu estaria bem, não importa quão louco fossem os meus pensamentos, e olha que minha imaginação era ainda pior do que hoje. Mas enfim, o tópico de hoje é sobre escolhas. Naquela época eu só tinha de escolher se assistiria Alladin ou Toy Story, se jogaria Super Mario World ou Street Fighter, se brincaria na rua ou iria dormir. O mais complicado naquela época era passar de ano, somente isto e nada mais. Mas aí eu tive que crescer.
Na adolescência a coisa ficou um pouco mais complicada. Os hormônios chegaram, os sentimentos passaram a ser confusos, acabei descobrindo que tenho mais problemas do que imaginava...enfim, foi uma fase difícil. Foi quando comecei a tentar me classificar, tentei ser skatista, tentei ser músico, tentei ser emo, tentei ser mauricinho, tentei ser otaku, tentei ser um pouco de tudo, com vergonha no rosto admito que era um poser. Dessa fase ainda guardo alguns tópicos, falarei disso daqui a pouco. O principal aqui foi me mostrar que escolhas sempre fizerem diferença, algumas delas me assombram até hoje.
Agora aos vinte e quatro, depois de passar por um ano bem complicado e cheio de testes, descobri que o peso das escolhas não interfere apenas no rumo das coisas, mas também no modo como você evolui para si mesmo e para o resto do mundo. Durante boa parte da minha vida tentei me adaptar ao mundo sendo o mais invisível possível, depois tentei ser o mais extrovertido que pudesse, inclusive arranjando momentos de popularidade instantânea. No final das contas nada disso me fez feliz, então tive de pensar em que escolhas fiz que me deram momentos felizes.
Eu era feliz quando passava mais tempo sozinho, era quando podia sonhar sem ser criticado. Eu ficava bem perto de poucas pessoas porque sabia que era mais fácil saber em quem confiar. Eventos sociais se provaram feiras de vaidade onde títulos e castas são tudo, e eu estava no meio tentando provar algo que nem sei o que seria. Pessoas machucam, pessoas trazem felicidade, pessoas descartam pessoas, pessoas ajudam pessoas. Eu não preciso estar perto de pessoas o tempo todo, mas sei que em algum ponto precisarei estar perto de pessoas, a solidão pode até me fazer bem, porém é uma faca de dois gumes para qualquer um.
Escolhi ser a pessoa que quero ser.
O cara calmo que tenta ter um bom senso e agir sempre em bons benefícios. O gótico que faz parte da subcultura pelo o que é, e não pelo visual. Aquele que quer desligar dos sentimentos duvidosos, o que quer demonstrar força nas atitudes.  E o mais importante de tudo, o Alexis que quer amar a si próprio antes de todos os outros, amor próprio é muito importante, se você não se valorizar em um mundo artificial, você vai cair e raramente alguém vai ajudá-lo a se levantar.
O impressionante dessa reflexão até agora foi o ponto de partida. Eu estava dirigindo e rua em frente estava interditada, me restou escolhar entre esquerda e direita, um caminho que conhecia e era longo, um desconhecido onde teria de explorar para saber como ir para casa. Acabei optando pelo desconhecido, no final foi ainda mais rápido.
Esse post é quase uma variação do Dilemas, pois escolhas acabam levando a dilemas, você pode se pegar pensando em como tudo poderia ter sido diferente se tiver escolhido a opção B. Ou pior, se arrependido de ter escolhido opção A. Não tenho como dar uma dica de fazer tudo certo, eu mesmo já fiz péssimas escolhas e de vez em quando até faço uma, por mais que não pareça.
O melhor mesmo é levar a vida da maneira como você acha ser certa, mas sem esquecer o principal: faça as escolhas por si mesmo e não porque acha que vai agradar alguém. Nessa vida você tem de ser feliz por si só, e não para agradar a sociedade. Acredite, nem eles sabem o que querem.


OBS: sei que prometi fazer posts mais frequentes, o problema é que o tempo tem sido um tanto cruel, por isso não irei prometer postar sempre. O blog não será esquecido, isso eu garanto.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dilemas



Eu meio que me acostumei a ver minha mãe mexendo no celular 99% do tempo. Sempre que vou conversar com ela seu rosto está escondido no celular, e virou uma rotina. Daí hoje quando fui lá e a vi fazendo a mesmíssima coisa, logo comentei "larga esse celular por uns 5 minutos" e em resposta, ela me disse "ok, mas e você?" e eu vi que também estava mexendo no meu.
Esse é um exemplo light da expressão "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço",  ou no meu jeito de ver as coisas, hipocrisia camuflada. É interessante ressaltar que algumas vezes fazemos essas coisas de maneira involuntária, sabe, você simplesmente está tão acostumado com esse tip ode coisa que nem percebe quando o faz, ou no meu caso, fui perceber depois que parei de rir e já estava sozinho.
Talvez eu esteja sendo deveras crítico ao classificar coisas pequenas assim como hipocrisia, mas sejamos sinceros. Todos somos hipócritas, se não são, serão, se não são hoje em dia, já foram. Tenho a tendência a classificar todos assim, é um vício que tenho desde que me entendo por gente, mas também entendo que faz parte de nós, humanos e sociedade. Quem nunca tentou empurrar algo por baixo dos panos, quem teve vergonha de admitir que fez algo errado e quis sair por cima, quem criticou dogmas e tabus, mas teve uma curiosidade mórbida em quebrar tais?
O caso é que a coisa mais difícil é admitir. Admitir erros, admitir vergonhas, admitir desejos, apenas admitir. Vivemos em uma sociedade onde a visão do correto é depende de X pontos de vista, em algum momento houve a generalização do certo e errado para o convívio social, o que infelizmente agrediu a individualidade.
Ou seja, para ser aceito, deve-se seguir as regras da sociedade em que vive, caso contrário será um pária. Alguém com medo de ser diferente, alguém com medo de ser julgado. Com isso pode acabar se tornando um hipócrita. No passado admito que já fui um de marca maior, e embora cometa pequenos deslizes como o citado no início, cheguei  à conclusão de que é algo humano.
Não existe a perfeição em forma humana, alguém que não minta, que não erre, que saiba o que planos superiores julguem certo ou errado, nem mesmo alguém que tenha todas as regras da vida escritas no criado mudo. No caso, também não cabe a mim julgar a todos por suas atitudes.
Muitas pessoas possuem problemas em se meter em assuntos que não lhes diz respeito, e apesar de ter um longo caminho pela frente, creio que estou tentando me manter afastado disso.
Se não der certo, ao menos eu tentei.

PS: Logo depois que fui para o meu quarto, peguei o celular de novo. Mas apenas para jogar Flappy Bird.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Bravura e Bravata



Ultimamente tenho vivido em uma fase que tem me feito bem de uma maneira bem estranha, de certa forma era tudo o que eu precisava. Eu diria que acabei me tornando um tanto frio, apático até, alheio ao mundo, só que é bem mais do que isso. Fiz o que muita gente estressada deveria fazer: parar de se importar com o que não vale a pena.
Não é nenhum segredo que nós vivemos em sociedade e consequentemente, temos vontade de permanecer nela e nos encaixar de qualquer maneira. Acredito que mencionei que meu erro maior ano passado foi ter feito disso minha prioridade máxima e acabei esquecendo quem é Alexis Tyrell lá no íntimo. Claro que precisei de um gatilho enorme, de muita decepção, falsas amizades, traições, sentimentos abalados e surpreendemente, pessoas próximas para me fazer perceber que não precisava procurar por nada, eu já tenho tudo o que preciso comigo mesmo.
Eu já me acostumei com o estigma de ser esse cara que não serve para viver em sociedade o tempo inteiro, isso é fato. Logo quando me mudei para cá, eu passava muito tempo sozinho, sabe. Ia ao cinema sozinho, mal saía de casa, só me encontrava com família e amigos da família, eu era isolado demais. Era aquele cara que anda de cabeça baixa escutando música em volume máximo andando sem rumo por aí. Depois conheci algumas pessoas, fiz amizades e aos poucos saindo da concha....ok, falso, foi aí que entrei na concha de vez.
Demorei muito tempo para perceber que eu estava vivendo uma ilusão enorme. Na minha cabeça eu tinha um milhão de amigos, era popular, tinha sempre alguém para sair, estava tudo perfeito. Só que não foi bem assim, a cada novo encontro, nova pessoa, nova situação...eu me sentia mais e mais sozinho. Me envergonho ao lembrar que fiz muita coisa errada, praticamente mendigando atenção e querendo ser alguma coisa ali. Mas isso acabou.
No final, voltei a ser exatamente como eu era antes, com algumas coisas a mais, é claro. Eu me dei conta de que não preciso caçar um bilhão de amigos, tentar agradar todo mundo, me forçar a participar das coisas, nada disso. Ora, se eu sou como eu sou, aceitem!
Acabei me dando conta de que eu sou assim mesmo...solitário na maior parte do tempo, mas por opção. Eu disse que sou um gótico por natureza e isso se reflete aqui. Eu realmente acabo me divertindo muito mais sozinho algumas vezes, e apesar de sentir falta de ter amigos por perto, não é algo que eu sinta sempre.
Hoje fui ao cinema sozinho, fazia muito tempo que não fazia isso. Foi bom, foi gostoso, aproveitei bem o filme, ri quando necessário, forjei uma boa opinião enquanto assistia...foi um programa muito bom. O bônus foi quando na fila vi um cara que foi meu amigo por pouco tempo, não senti absolutamente nada, apenas sorri e continuei a andar. Ok, talvez eu tenha sentido vontade de dizer "olha para mim, estou ótimo sem você", mas enfim....ainda sou humano.
Acho que tenho meu lado Jenna Hamilton, eu sou perfeitamente capaz de me divertir sem alguém e já aprendi a dançar sozinho.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

New Year, New Rules



Lembro até hoje como comecei o blog...quando passei a escrever para exorcizar meus pensamentos...como sorri a cada palavra que deixava o peso em meu corpo...e como o blog me trouxe algumas dores de cabeça através das postagens. E agora voltei, depois de mais de um mês afastado, com muitas coisas diferentes para contar, relatos a compartilhar, pensamentos a expressar, situações a evitar, pessoas a afastar...e um ano novo para começar.

Normalmente minhas postagens seguem um modus operandi onde jogo enigmas mascarados sobre meu dia, meus pensamentos a respeito da sociedade e de meus próprios sentimentos, ou simplesmente compartilho algo legal no momento. Hoje vou começar o ano um pouco diferente do habitual. Vou fazer um relato cru sobre o período apagado do blog até hoje, dia 08/01/2014.
Sempre falo de três coisas importantes: hipocrisia, mudanças e personalidade. Acontece que de lá para cá, eu já pisei e fui pisoteado nesses três aspectos de formas interessante. Posso citar o fato de que havia me desiludido completamente a respeito do famigerado amor, mas hoje em dia estou tão tranquilo com isso que passei a deixá-lo no rebanho junto de outros sentimentos, junto à raiva e da insegurança para que fiquem bem.  Ou talvez que me preocupasse tanto com o que as pessoas achavam, que esqueci o quanto me sinto bem sendo diferente. Ou quem sabe ter dito tantas vezes que mudei, quando algumas sombras minha permanecem as mesmas até hoje.
Uma coisa que nunca mudou foi minha capacidade( irritante para muitas pessoas ) de analisar tudo pelos ângulos mais errôneos que existem. O que posso dizer? J’suis comme ça. Nunca deixei de achar que a sociedade diz que evolui, mas continuam a serem seguidores da Inquisição Espanhola. Nem deixado de rir quando outras tentam provar que são inteligentes com palavras difíceis, ambições falhas e debates de pseudo-superioridade. Nem de achar que o caminho mais difícil pode ser o mais legal de se seguir. E principalmente, nunca deixei de sonhar acordado mesmo em meio a uma multidão ao meu redor.
De lá para cá, o que mudou bastante foi o jeito que encontrei de evitar dores de cabeça. É incrível você estar diante de uma situação chata e encará-la com um olhar de paisagem, sorri e virar as costas. Não sei bem quando deixei de me importar, deixei de chorar, deixei de tremer, deixei de estourar, deixei de gritar...apenas deixei.
É importante ressaltar também que sempre achei minha solidão um problema. Disse e parafraseei diversas vezes o quanto sempre acabava sozinho no final. Só que não é bem assim, eu estava errado. Todos esses momentos em que estive rodeado de pessoas e me senti sozinho não foi ruim, demorei a perceber que só estava nos caminhos errados. Eu não preciso me misturar para ser aceito, tampouco tentar ser igual a todo mundo para ter um milhão de amigos. Meu pior erro foi justamente esse, pois fui contra tudo o que preguei tão arduamente durante tanto tempo.
Muita coisa pode acontecer em um dia, imagine em mais de um mês. A essa altura vocês já devem ter entendido isso, mas não se preocupem...prevejo que este será um ano interessante. Entre dramas aos vinte e quatro, e conquistas que tento ter, ainda há espaço para meios sorrisos e olhos espelhados observando tudo.